quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Um Podcast sobre Feitiçaria & Austin Osman Spare

1 - Há muito tempo que admiro as artes do inglês Austin Osman Spare que viveu na primeira metade do século XX nos bairros marginais da Inglaterra. Ele foi um dos maiores artistas gráficos e ocultistas de todos os tempos.Creio não ser necessário descrever a sociedade ultraconservadora e a cabaret culture - tampouco mencionar o Grand Guignol ou ainda Artaud, Dali e tantos outros - malditos abençoados e suas explorações além dos limiares do moralmente correto estagnado daqueles tempos.No caso de Spare, sua prática de magia era nomeada como Zos Kia Cultus, visava a expressão do "Sonho Inerente" e demandava uma postura libertária;sua bruxaria ou feitiçaria; para alcançar tais intentos rejeitavam a teatralidade ritualística e as convenções sociais exageradas dos meios mágickos da sua época.Algumas das suas mais reconhecidas contribuições para a "A Arte" foram na utilização das energias sexuais para adquirir controle dos mundos invisíveis.Outra parte importante era a manifestação de Kia (Eu Atmosférico, Eu Superior, Eu Cósmico) através de Zos (a totalidade do corpo, mente e alma).Suas bruxarias ou feitiçarias focalizavam um meio de realização do prazer, de transformação da velhice em juventude, de feiura em beleza, da natureza em arte.

Arte de Austin O.Spare
Naturalmente perceberemos uma influência orientalista pronunciada em suas obras e trabalhos de magia, onde os mais habilidosos detectarão o Tao Teh King, Livro dos Mortos Tibetano e Advaita Vedanta.Certamente os abençoados malditos europeus como William Blake e Nietzsche também tem o seu merecido quinhão de influência na obra de Spare.E é claro que o célebre ocultista e filósofo Aleister Crowley e seu Book of Law terão uma breve e marcante influência sob Spare, víde "Sonho Inerente" e Vontade" que são objetivos equivalentes nas duas linhas ocultista.Ainda falando de Crowley o site do jornal o Globo recentemente publicou uma matéria sobre ele bem digna e austéra, confira aqui. Segundo o colega do blog "Esquina do Inferno", que inclusive disponibliza uma biblioteca de downloads em .PDF da obra de Spare, temos o seguinte: 

 "(...)O Culto de Zos Kia parece postular uma interpretação literal (isto é, física) da identidade entre Samsara e Nirvana (samsara = existência fenomenal ou objetiva; sua contraparte é nirvana, que é a subjetivação da existência e, portanto, sua negação fenomenal ou objetiva). Por outro lado, os termos 'corpo', ou 'carne', podem denotar o 'corpo adamantino' (ou dharmakaya, uma expressão budista que é sinônimo de "Nada"; o neti-neti dos budistas, ou o 'nem isto, nem aquilo' no sistema de Spare) e sua realização como o universo inteiro, neste exato momento e sensorialmente. O símbolo histórico supremo deste conceito é a imagem de Yab-Yum do Budismo Tântrico. Ela representa o nada (Kia) ensaiando sua união abençoada com o corpo (Zos). No Culto de Zos Kia, isto é realizável através da carne, enquanto no Budismo Ch'an (Zen) esta união é mental. Assim, tanto no Zen quanto no Zos o objetivo é o mesmo, embora os meios variem. O sistema de Spare também sugere uma nova obeah, uma ciência de atavismos ressurgentes, uma magia primal baseada na obsessão e no êxtase. O subconsciente, impregnado por um símbolo do desejo, é energizado pelos êxtases reverberantes na suposição de que a profundeza primal, o Vazio, responda a antigas nostalgias revivendo suas 'crenças' obsessivas originais. O "Alfabeto do Desejo" (onde cada letra representa um princípio sexual, um impulso dinâmico) foi desenvolvido por Spare para sonorizar gràficamente estes atavismos e, quando o florescimento do símbolo acontece, a explosão de êxtase é a realização de Zos.Em seu livro "Anotações sobre Letras Sagradas" Spare diz que: "as letras sagradas preservam a crença do Ego, de modo que a crença retorne contìnuamente ao subconsciente até romper a resistência. Seu significado escapa à razão, embora seja compreendido pela emoção. Cada letra, em seu aspecto pictórico, se relaciona a um princípio Sexual... Vinte e duas letras que correspondem a uma causa primeira. Cada uma delas análoga a uma idéia de desejo, formando uma cosmogonia simbólica.(...)" 

Enfim, já escreví demais - escute o podcast e conheça mais sobre Austin Osman Spare, na visão de seu testamentário Kenneth Grante, na obra Renascer da Magia - espero que gostem! 




Arte de Austin O.Spare
 " Meus amigos! ' Escapem!' Não sejam prisioneiros de imposições ou ilusões alheias, pois o que você pretende ser, é sempre inferior ao que você é (o alto estágio). Meu conselho, aos confusos, de boa fé é apreciar e obter qualquer uma de suas habilidades naturais e ignorar os críticos, auto-intitulados experts, convenções, idiomas, estilos, reações ou qualquer tipo de miopia e, se cabe outra análise, conclua em cima da habilidade descoberta que, sozinha, resiste a mórbida obliteração temporal. Muitas vezes parece estar entre o hábil homem que banca o tolo e o paspalho que o imita."
Austin Osman Spare 







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