quinta-feira, 13 de junho de 2013

A Arte do Confronto: Fama, Ares, Eris, Nemesis, Harmonia e suas famílias HOJE! (Parte2) de Lord A:.

Ares
Ao longo da primeira parte apresentei algumas idéias inspiradas na leitura dos oito circuitos do Thimoty Leary na visão do Robert  Anton Wilson na obra “Ascensão de Prometeus” (recém-lançada pela Editora Madras no Brasil). Na sequência abordei algumas deidades mediterrâneas, suas famílias e suas linhagens cujo os nomes até hoje são o suficiente para descrever e delinear afetos, padrões e pulsões sempre presentes e contínuas da trajetória humana até os dias de hoje. Mudam os alfabetos e idiomas, mas continuam bem alí. Falamos sobre deidades ligadas ao confronto, apresentei cada um respeitando o sagrado de cada um e aquilo que trazem e correspondem no ecossistema e no afetivo de cada um. Até mesmo porque seria deselegante nomea-las como meros arquétipos ou ainda adentrar trocadilhos jungianos e de terapeutas mequetrefes que simplesmente reduzem conteúdos religiosos  a meros fenômenos psicológicos, e ao mesmo tempo elevam o tal do inconsciente à categoria de fenômeno religioso” – e ainda insistem que não haja uma “ordem”  (Cosmos) - para assim se excusarem por omissão e não tocarem assuntos imediatos e reais do cotidiano – como o confronto que é o tema desta série de artigos. 

Ilustração da Pg.153 do livro Ascensão de Prometeus
sobre Túneis de Realidade
Na visão platônica cada valor (inspiração ou espírito) destes encontra a todos nós através das encruzilhadas da vida em abundância e amoralidade que cultivamos tais valores em nossas escolhas diárias  e nas relações. Havendo até casos de você ver uma situação entre pessoas motivadas ou inspiradas por tal valor em uma cidade, embarcar em um avião e rever uma cena quase idêntica em outra cidade nos moldes que viu na anterior. Os modernos mapeadores da mente irão responder que era por conta de você ter focalizado sua percepção naquilo e que por isso o verá por toda parte. Isso seria um evento do seu próprio túnel de realidade. Mas talvez, não seja desta forma.E ao invés de nos alongarmos mais e perdermos o foco neste tema, enfatizo a leitura da obra de Robert Anton Wilson. Enfim, o confronto e o ato de confrontar é mais justo e saudável do que censurar “moralmente” ou pecar pela omissão em prol do status quo ou de uma situação inaceitável. Anualmente meu Círculo Strigoi celebra um rito público na cidade de Paranapiacaba chamada Amor, Honra, Caráter e Fogo Estelar, pois crê que tais valores são sinônimos e também se ligam a transparência, Destino (naquilo como escolhemos lídar e carregar em nossas vidas).

Banho de Marte e Venus, Giuliano Romano 1526
Já ví pessoas que juram que o confronto é falta de amor... Afrodite tinha como seu favorito Ares, bem como Venus à Marte.  Então lá no cerne dos fundamentos da cultura ocidental (que são sempre encobertos pelo tempero leve do judaico-cristianismo) ainda temos muito que aprender... Sempre disse que as coisas são em função daquilo que as pessoas acreditam (e se esforçam desmesuradamente para que sejam), poucas são as pessoas que arriscam a lidarem com aquilo como vem-a-ser no momento presente (e isto não implica em violência ou atitudes exageradas para corporificar mais drama nesta era tão vazia). Dizem que os pagãos eram chamados de gentios, e talvez a gentileza seja um valor necessário para lidarmos com forças tão vigorosas mencionadas neste artigo. Certamente a impotência de atribuir a agentes tercerizados suas próprias mazelas (filha de medos e culpas) contínua sendo algo patológico – como veremos no transcorrer deste artigo.

A Deusa Nemesis
Nemesis  é uma deidade mediterrânea que traz a retribuição e o ajustamento – vem a trazer cada um para sua “Justa-Medida”, a própria dimensão, ao próprio fado ou carga e ainda traz a punição aos que passam dos limites devido e incorrem na presunção contínua ou no contrariar da natureza de cada coisa – ou seja o equilíbrio dos delírios pessoais e coletivos versus a sustentação e prosseguimento do ecossistema e da estabilidade. Na Cosmovisão Vampyrica temos  a chamada “Trilha do Poente” que encontra forte afinidade com esta questão, como o caminho da imortalidade (isto nos levaria a falarmos das Hésperides, mas ficará para outro artigo) os conteúdos abordados na questão do artigo sobre “Espelho Negro”, contemplação e meditação também tem sua importância neste ponto de compreensão do presente artigo. Observe a arte e a produção cultural do mediterrâneo e perceba seu foco e importância no equilíbrio universal das coisas. Esta Deusa é uma das senhoras da necessidade (deusas que fazem o mundo girar) tendo como parente deidades como Adrastéia (a nunca enganada), Ate (Insensatez), Nike (Vitória) e as Eríneas(famosas na tragédia de Orestes).Temos em Nemesis a poderosa senhora que  re-distribue as fortunas e misérias e assegura que os presentes distribuídos abundantemente, continuamente e amoralmente pela Deusa Tique (Deusa da Fortuna) não tornem os contemplados presunçosos, arrogantes, indolentes ou tiranos. A beleza de Nemesis é comparada a de sua irmã Afrodite (também filha de Urano e das Eríneas, mas esta história fica para outra noite) pelos antigos; a principal representação de Nemesis foi esculpida em um enorme bloco de mármore trazido pelo exército do persa Xerxes que presumia vencer os gregos (como visto no filme 300 de Zack Snyder). Em Roma a Deusa Nemesis era conhecida como Ultrix e era amante de Últor (um dos últimos epítetos do Deus Marte que carregou a vingança da casa do imperador Julio Cesar contra seus detratores).

A Deusa Harmonia
Os livros modernos comparam as figuras de Ares e de Marte como análogas e equivalentes. Mas com um olhar mais próximo e alguma vivência percebemos diferenças sutís e interessantes (que ficam para outros artigos) em grossas linhas podemos dizer que o primeiro seria um soldado e o outro um general – provavelmente fruto das regiões e dos tempos que separam estes terrenos históricos. Em Roma, Marte ocupava uma posição privilegiada de culto e de importância tanto no despertar das colheitas como patrono militar e bem como do ajustamento e vingança para aqueles que ofendem os deuses e a própria linhagem, quando infringidas as leis da venerável Deusa Têmis era Marte quem ia punir e disciplinar; nas outras ocasiões é um amigo dos amigos e seu protetor. Seu cortejo em Roma era acompanhado das fúrias, de Phobos e Deimos e muitas outras deidade mas ao final de sua passagem quem vinha era sua filha com Afrodite, a Deusa Harmonia (Na Grécia) e Concórdia (Em Roma, a contra-parte de Discórdia ou Éris na Grécia) para demonstrar que a harmonia e o equilíbrio  vinha apenas após o serviço a sociedade, o confronto e o banimento dos contendores para fora da região de interesse e a sabedoria residia neste contexto – ação harmoniosa nos tempos de embate. O equilibrar e harmonizar sempre será um ato contínuo e perpétuo, sempre ativo e constante  ou traduzindo na vida como ela vem a ser: há a necessidade de aprender a servir, da disciplina, de certa marcialidade e de uma força ativa para conter e direcionar os impulsos primervos de biosobrevivência de cada ser vivo, permitindo ações de defesa, ataque e manutenção da vida pessoal e coletiva...sobre a Harmonia e a Concórdia falaremos mais na terceira parte deste artigo, até lá!

Enfim... quando penso em Ares e Marte e seus universos circundantes, acho difícil não me recordar do filme e tampouco desta música...

 

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