A Arte do Confronto: Fama, Ares, Eris, Nemesis, Harmonia e suas famílias HOJE! (Parte2) de Lord A:.
Ares
Ao longo da primeira parte apresentei algumas idéias
inspiradas na leitura dos oito circuitos do Thimoty Leary na visão do
Robert Anton Wilson na obra “Ascensão de
Prometeus” (recém-lançada pela Editora Madras no Brasil). Na sequência abordei
algumas deidades mediterrâneas, suas famílias e suas linhagens cujo os nomes
até hoje são o suficiente para descrever e delinear afetos, padrões e pulsões
sempre presentes e contínuas da trajetória humana até os dias de hoje. Mudam os
alfabetos e idiomas, mas continuam bem alí. Falamos sobre deidades ligadas ao
confronto, apresentei cada um respeitando o sagrado de cada um e aquilo que
trazem e correspondem no ecossistema e no afetivo de cada um. Até mesmo porque
seria deselegante nomea-las como meros arquétipos ou ainda adentrar trocadilhos
jungianos e de terapeutas mequetrefes que simplesmente reduzem conteúdos religiosos a meros fenômenos psicológicos, e ao mesmo
tempo elevam o tal do inconsciente à categoria de fenômeno religioso” – e ainda
insistem que não haja uma “ordem” (Cosmos) - para assim se excusarem por omissão
e não tocarem assuntos imediatos e reais do cotidiano – como o confronto que é
o tema desta série de artigos.
Ilustração da Pg.153 do livro Ascensão de Prometeus
sobre Túneis de Realidade
Na visão platônica cada valor (inspiração ou espírito) destes
encontra a todos nós através das encruzilhadas da vida em abundância e
amoralidade que cultivamos tais valores em nossas escolhas diárias e nas relações. Havendo até casos de você ver
uma situação entre pessoas motivadas ou inspiradas por tal valor em uma cidade,
embarcar em um avião e rever uma cena quase idêntica em outra cidade nos moldes
que viu na anterior. Os modernos mapeadores da mente irão responder que era por
conta de você ter focalizado sua percepção naquilo e que por isso o verá por
toda parte. Isso seria um evento do seu próprio túnel de realidade. Mas talvez,
não seja desta forma.E ao invés de nos alongarmos mais e perdermos o foco neste
tema, enfatizo a leitura da obra de Robert Anton Wilson. Enfim, o confronto e o
ato de confrontar é mais justo e saudável do que censurar “moralmente” ou pecar
pela omissão em prol do status quo ou de uma situação inaceitável. Anualmente meu Círculo Strigoi celebra um rito público na cidade de Paranapiacaba chamada Amor, Honra, Caráter e Fogo Estelar, pois crê que tais valores são sinônimos e também se ligam a transparência, Destino (naquilo como escolhemos lídar e carregar em nossas vidas).
Banho de Marte e Venus, Giuliano Romano 1526
Já ví
pessoas que juram que o confronto é falta de amor... Afrodite tinha como seu
favorito Ares, bem como Venus à Marte.
Então lá no cerne dos fundamentos da cultura ocidental (que são sempre
encobertos pelo tempero leve do judaico-cristianismo) ainda temos muito que aprender... Sempre disse que as coisas são em função daquilo que as
pessoas acreditam (e se esforçam desmesuradamente para que sejam), poucas são
as pessoas que arriscam a lidarem com aquilo como vem-a-ser no momento presente
(e isto não implica em violência ou atitudes exageradas para corporificar mais
drama nesta era tão vazia). Dizem que os pagãos eram chamados de gentios, e
talvez a gentileza seja um valor necessário para lidarmos com forças tão
vigorosas mencionadas neste artigo. Certamente a impotência de atribuir a
agentes tercerizados suas próprias mazelas (filha de medos e culpas) contínua
sendo algo patológico – como veremos no transcorrer deste artigo.
A Deusa Nemesis
Nemesis é uma deidade
mediterrânea que traz a retribuição e o ajustamento – vem a trazer cada um para
sua “Justa-Medida”, a própria dimensão, ao próprio fado ou carga e ainda traz a
punição aos que passam dos limites devido e incorrem na presunção contínua ou
no contrariar da natureza de cada coisa – ou seja o equilíbrio dos delírios
pessoais e coletivos versus a sustentação e prosseguimento do ecossistema e da
estabilidade. Na Cosmovisão Vampyrica temos
a chamada “Trilha do Poente” que encontra forte afinidade com esta
questão, como o caminho da imortalidade (isto nos levaria a falarmos das
Hésperides, mas ficará para outro artigo) os conteúdos abordados na questão do
artigo sobre “Espelho Negro”, contemplação e meditação também tem sua
importância neste ponto de compreensão do presente artigo. Observe a arte e a
produção cultural do mediterrâneo e perceba seu foco e importância no equilíbrio
universal das coisas. Esta Deusa é uma das senhoras da necessidade (deusas que
fazem o mundo girar) tendo como parente deidades como Adrastéia (a nunca
enganada), Ate (Insensatez), Nike (Vitória) e as Eríneas(famosas na tragédia de
Orestes).Temos em Nemesis a poderosa senhora que re-distribue as fortunas e misérias e assegura
que os presentes distribuídos abundantemente, continuamente e amoralmente pela
Deusa Tique (Deusa da Fortuna) não tornem os contemplados presunçosos,
arrogantes, indolentes ou tiranos. A beleza de Nemesis é comparada a de sua
irmã Afrodite (também filha de Urano e
das Eríneas, mas esta história fica para outra noite) pelos antigos; a
principal representação de Nemesis foi esculpida em um enorme bloco de mármore
trazido pelo exército do persa Xerxes que presumia vencer os gregos (como visto
no filme 300 de Zack Snyder). Em Roma a Deusa Nemesis era conhecida como Ultrix
e era amante de Últor (um dos últimos epítetos do Deus Marte que carregou a
vingança da casa do imperador Julio Cesar contra seus detratores).
A Deusa Harmonia
Os livros modernos comparam as figuras de Ares e
de Marte como análogas e equivalentes. Mas com um olhar mais próximo e alguma
vivência percebemos diferenças sutís e interessantes (que ficam para outros
artigos) em grossas linhas podemos dizer que o primeiro seria um soldado e o
outro um general – provavelmente fruto das regiões e dos tempos que separam
estes terrenos históricos. Em Roma, Marte ocupava uma posição privilegiada de
culto e de importância tanto no despertar das colheitas como patrono militar e
bem como do ajustamento e vingança para aqueles que ofendem os deuses e a
própria linhagem, quando infringidas as leis da venerável Deusa Têmis era Marte
quem ia punir e disciplinar; nas outras ocasiões é um amigo dos amigos e seu
protetor. Seu cortejo em Roma era acompanhado das fúrias, de Phobos e Deimos e
muitas outras deidade mas ao final de sua passagem quem vinha era sua filha com
Afrodite, a Deusa Harmonia (Na Grécia) e Concórdia (Em Roma, a contra-parte de
Discórdia ou Éris na Grécia) para demonstrar que a harmonia e o equilíbrio vinha apenas após o serviço a sociedade, o
confronto e o banimento dos contendores para fora da região de interesse e a
sabedoria residia neste contexto – ação harmoniosa nos tempos de embate. O
equilibrar e harmonizar sempre será um ato contínuo e perpétuo, sempre ativo e
constante ou traduzindo na vida como ela
vem a ser: há a necessidade de aprender a servir, da disciplina, de certa marcialidade
e de uma força ativa para conter e direcionar os impulsos primervos de
biosobrevivência de cada ser vivo, permitindo ações de defesa, ataque e
manutenção da vida pessoal e coletiva...sobre a Harmonia e a Concórdia
falaremos mais na terceira parte deste artigo, até lá!
Enfim... quando penso em Ares e Marte e seus universos circundantes, acho difícil não me recordar do filme e tampouco desta música...
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