Prosa&Poesia


Alguns escritos, umas prosas e certas poesias:
Reunidas desde 1998/1999 até as noites de hoje...Somente fumaça e espelhos...

- O Espírito da Caçada [conto]
- O Vampiro da Escadaria [conto - publicado no Fontes da Ficção]
. . .



Sou escritor desde que me recordo por gente e...ooops...na realidade, NÂO! Sempre tive preferência por narrar as histórias. Também sempre preferí  adjetivos mais fantasiosos como encantador de histórias ou ainda "Bardo amador". Sempre tive uma imaginação e um poder criativo indomável desde a infância e escrever ou (en)c(a)ontar histórias era algo que amava fazer...uma rachadura na parede de uma casa antiga era um interessante ponto inicial para alguma boa prosa...vai lá, que só depois de um bom tempo que aprendí a transcrever estes relatos para o papel. Segundo pessoas queridas e outras "não-tão-queridas" eu fazia isso de forma convincente...e farturei alguns prêmios e concursos de redação nos tempos escolares e da faculdade de propaganda e marketing.Já me ofereceram um "livro" para publicar tais prosas e poesias - nos tempos que literatura alternativa ou fantástica ainda era coisa séria - mas honestamente prefiro continuar contando minhas prosas e poesias ao vivo em saraus e afins...

Dediquei algumas palavras sobre esta  primeira fase da escrita na minha vida, quando escreví o prefácio da coletânea "Draculea 2: O Retorno dos Vampiros" organizada pelo Ademir Pascale, lá eu  contei que:

Desde o final de minha infância aprecio curtir artes que se relacionem com a temática do terror e do fantástico.Lembro de histórias e "causos" contado a luz da lareira para mim e meus primos pelos mais velhos-da-familia no velho solar das montanhas.Não importando que fosse um bom conto de terror ou um romance trágico.Quando tinham vampiras e vampiros eram mais legais.Lembro dos filmes da Hammer que quando criança assistía escondido,com uma das mãos cobrindo os olhos, mas com os dedos entreabertos... e de quando éramos meninos e meninas de uma vila, fugíamos de casa a noite e nos encontravamos num bosque repleto de pinheiros, sob o luar platinado e uma fogueira, próximo de um canteiro de papoulas, para contarmos histórias de terror com uma lanterna embaixo do rosto...Claro, que com a adolescência a "brincadeira" ganhou outras nuances e atrativos...Para mim, o que mais chamava a atenção eram  as histórias ou filmes que possuíam Vampiras e Vampiros...Eram seres belos e hediondos ao mesmo tempo... selvagens e sofisticados...Que simplesmente encantavam e isto não passava de um encanto... 
Na adolescência minha ferramenta criativa era um bloco onde anotava as narrativas, eu tinha feito este caderno com papel kraft, repleto de desenhos, símbolos e afins que complementavam as narrativas.Eu as lía em voz alta mais ou menos como Patti Smith lía suas poesias em Saraus Nova Iorquinos - rasgava as páginas do caderno e as jogava para trás...claro e tinha as taças de vinho e de absinto..."Tome mais uma taça e o gênio emocional e o ego dilacerado (quem sabe, o diabo ou o daemon, também!) fazem o resto"... deve ser por isso que sobrou pouca coisa desta época....já mencionei o vinho, a vodka e o absinto, né?Minhas criações sempre eram frutos das minhas leituras e influências. Que em geral eram pouco usuais para o brasileiro mediano, mas extremamente corriqueira no meio alternativo, lembravam  Anne Rice, Oscar Wilde, Robert Graves, Aleister Crowley, Kenneth Grant, Poppy Z.Brite, Zé do Caixão, William Blake, Poe, Borges, Baudelaire, Byron, Colleridge, Lovecraft, Shelley e afins...

Claro, quando a gente tem menos do que 15 anos no começo da década de noventa - sem internet e outras facilidades digitais - isso nos empresta um certo verniz de dignidade, somos jovens demais e já conhecemos tudo sobre tudo e mais um pouco - como diria Wilde (e evidentemente ao recordarmos tais façanhas, sentimos a  fragilidade daqueles tempos, senão um tom apologético, ao contar isso mais de 17 anos depois...)Mas enfim, este é o começo da história, não foi muito diferente disso. Vai lá que o Anthony Pearkins em seu livro "Daemon" explica que todo ser vivo tem em sí um gênio emocional que conhece tudo desde os primórdios (chamado Daemon) e uma contraparte que está vivendo tudo pela primeira vez e prova o deslumbre (chamada Eidolon) que só depois da casa dos trinta que passamos a nos dar conta de sua importância... 

Lord A:., Martha Argel, Giulia Moon, Adriano Siqueira, André Vianco -
amigos escritores do inicio da lista Tinta Rubra, 
ao fundo o autor Nelson
Magrini - todos reunidos quando organizei a 
noite de autógrafos do
livro "Amor Vampiro" no T.D.V
Na adolescência (e depois dela também) vim a escrever contos provocantes e apimentados que em geral mexiam com temas considerados tabús e com atualidades paralisantes... Compartilhei meus primeiros escritos  em uma antiga lista do Yahoo no final dos anos de 1990 chamada Tinta Rubra ao lado de Adriano Siqueira, Martha Argel e Giulia Moon - quando ainda nem tinham livros publicados - e muitos outros companheiros de letras como Witch, Sekhmet, Deus Noite e tantos outros encantadores de histórias.(Sim, eles foram meus cúmplices e parceiros de crimes - responsáveis por eu ter uma seção de escritos neste blog hoje em dia) Era uma experiência indelével compartilharmos nossos contos, prosas e impressões ao longo das madrugadas. Ficávamos esperando o próximo conto chegar... para viajar... ainda não existia uma cena de literatura fantástica brasileira e principalmente de tendência vampiresca. Tudo começou alí no Tinta Rubra e com a gente.Mas na época nem pensávamos muito a respeito disso, estavamos preocupados em fazer arte e contarmos boas histórias.Criar um bom personagem e uma boa trama - aprendermos com as trocas de dicas uns com os outros era muito mais importante do que se tornar "famoso" no processo.Um atributo que infelizmente foi esquecido nas décadas posteriores.Aliás, tudo isso de LitFan só começou para valer na virada da primeira década do século XXI.


Flávia Muniz
Durante a década de noventa tínhamos no Brasil um livro chamado Vampiros do Luciano Trigo; o Principa Discordia do Marcelo Del Debbio (que foi um dos primeiros êxitos literários do gênero ficcional); e ainda o "Noturnos" da Flávia Muniz - atualmente um clássico indispensável do gênero em nossa história (provavelmente um dos livros mais re-editados do segmento Vamp no Brasil, pois foi incluído na grade estudantil das escolas públicas. De repente nos primeiros anos do século XXI a editora Novo Século lançou os contos da Martha Argel em livro, depois a Giulia e então explodiu nas livrarias o fenômeno literário André Vianco - com Os Sete e depois O Sétimo - entre muitos outros sucessos. No começo da mesma década tivemos o lançamento do célebre "Vampiros: Rituais de Sangue" do ocultista e escritor Marcos Torrigo - que completou sua primeira década em 2012. Muitos escritores começaram a surgir com ótimas obras de literatura Fantástica e o Tinta Rubra era um celeiro sanguinário um "Rio de Sangue" anunciando uma "Noite Maldita" para todos os fãs..

Ao longo da minha trajetória sempre organizei noites de autógrafos nos meus eventos ou onde colaborei para autores da literatura fantástica brasileira, muito antes desta cena gerar seus primeiros eventos próprios. Isso era bem antes do Fantastico ou ainda de algumas livrarias começarem a acreditar no potencial dos autores nacionais.

André Vianco, no T.d.V
Quando eu organizava alguma festa ou era convidado como DJ sempre tentava encaixar na programação da casa ou da festa uma noite de autógrafos ou ainda um stand de fanzines deste povo.Convencer alguns donos de casas noturnas góticas de que conceder vips para este povo era um bom negócio para o evento e para a casa - era jogo duro - pois havia muito boicote e desprezo por estes trabalhos.Mas foi uma iniciativa que valeu a pena a longo prazo - e bastante reproduzida por outros produtores ao longo dos anos.


A vida foi acontecendo para mim, excesso de trabalhos e atividades das quais dependem a vida de um designer autônomo seu impuseram. Escreví muita coisa, um material bem interessante de prosa e poesia, mas raramente cogitei publica-los na internet.A conselho de um bom amigo preferi agregar e revisar todo este material de prosa, poesia e contos - salva-lo em um arquivo ".pdf" e deixa-lo na mão de um colega agente literário para que um dia seja lançado apropriadamente por alguma editora de peso e profissionalismo comprovado - escolhí conscientemente o caminho do amor próprio por saber o valor de cada uma das minhas letras.Se isso também não acontecer, pouco importa afinal tais letras vermelhas foram muito boas de serem delineadas e bem escritas e todos os personagens viveram o tempo que tinham que viverem no olhar da minha mente.

Recordo com grande emoção quando fui Dj no lançamento de Vampiros no Espelho (Giulia Moon) e o livro dos Contos Enfeitiçados (Martha Argel) na mítica Casa das Rosas, na Avenida Paulista em São Paulo um evento que inaugurou um novo momento de reconhecimento desta cena - da LITFAN, foi o primeiro lançamento realmente de peso e em um lugar impressionante para todos que curtem Vamps.Foi uma noite realmente mágicka e inesquecível.

A direita, Marcos Torrigo no T.d.V!
Lá também aconteceu o lançamento do Livro Vermelho dos Vampiros e ainda da coletânea "Vampirus Brasil" da Denise MG que reunia amigas e amigos da internet de gerações posteriores.Lançamentos como Clube dos Imortais do colega de baladas no Madame Satã Kissy Ysatis e de muitos outros como o J.Modesto, Nelson Magrini, Marcela Godoy, Regina Drummond... Enfim são muitas lembranças e tenho certeza que esquecí muitos outros nomes importantes, mas se vocês se recordarem de histórias e tiverem fotos me enviem.De coração sempre acreditei no papel do encantador de história como aquele ou aquela que resgatam o senso do deslumbre pelo mistério que é o cotidiano e nossa sagrada capacidade criativa.

Adriano Siqueira, Nelson
Magrini &a diva Liz Vamp
Toda a arte que envolve os a temática "Vamp" nascem pulsantes, encouraçadas e armadas - com um tom predatorial -preparadas para caçar e questionar verbalmente o cotidiano e eliminar o conformismo e a apatia que amortecem o sentido, o olhar e o viver...Na prosa, desde os tempos de Coleridge e através de uma longa linhagem que passa por Byron, Baudelaire, Stocker, Rice(a Grand Dame) e mesmo Meyer(numa dose beeeem homeopática), as Vampiras e Vampiros, são forasteiros e sobreviventes indeléveis de tempos arcaicos, seres agêneres dos povos conquistados da antiguidade que assombram as noites dos povos conquistadores até hoje...Feras Belas...Belas Feras...Feras selvagens e ainda assim sofisticadas sem perderem a praticidade e mesmo a autênticidade; que podem habitar um oriente distante que não mais existe ou o centro de Nova Iorque contemporânea - revelando metafóricamente que mesmo rodeados de tanta tecnologia e ciências sociais, enquanto humanos continuamos feras.Ainda podemos falar sobre a eterna capacidade vampírica dos personagens se re-inventarem em intermináveis ondas arcaízantes de "revivals" - cíclicas como o são todos os grandes mitos, ritos e símbolos que se reciclam em nossa cultura desde a antiguidade ocidental.Antes foram as bacantes e o cortejo do Deus do Vinho chamado Dioniso, então tornaram-se os semi-deuses do mediterrâneo, depois os profetas homoeróticos das telas renascentistas e hoje são Vampiras e Vampiros...É capaz que o próprio Dionisio,lembre-se de ter tido algum rebento de um oculto caso com Kali quando esteve na Índia atrás de têmperos, gargalhe e diga... mmmm...então o que fomos, chama-se "vampiro" nestes tempos...
Na prosa e na plástica admiro contos e obras que tragam vampiras e vampiros nunca domesticados pelo mecanicismo e que sejam bem aventurados e para sempre  intocados e jamais maculados pela falta de têmpero do Rosseau ou da visível ausência de pulso do estruturalismo e outros pós-modernismos.Vampiras e Vampiros são personagens não-mecanizados, nunca apolíneos, são as melhores máscaras, sombras e reflexos de um espelho negro para acolhermos, abordarmos e emoldurarmos aquilo que incomoda, perturba e gera temor na condição humana.Seja a paixão, a vida, a morte, ou ainda perguntas perturbadoras como o que é realmente viver?ou o que é estar realmente vivo?
Uma boa história de vampiras e vampiros nos conduz com palavras aladas e aveludadas em uma jornada labiríntica e quase alquímica à noite escura da alma, a terra negra de infindáveis flores de doces pétalas, uma visita as sombras, aos pântanos e cavernas profundas da região "não-modelada" de nossas mentes...onde o instinto ou as pulsões vagam em noite de lua negra como fantasmas do mito da caçada selvagem, esperando para serem alvejados ou ainda caçando e expondo que tudo aquilo que nos enganamos dizendo que estão nos outros ou recusamos a enxergar em sí.Alí nesta jornada a esta caverna, encravada de pedras e estalactites que nos remetem a dentes pontudos, jazem nossas verdadeiras e autêntica riquezas - mas um dragão ou um "Drakul"(simplesmente Dragão, em romeno) as vigia cauteloso e ancestral...um imortal...(...)"Conforme narrei na introdução de Draculea 2: O Retorno dos Vampiros" organizada pelo Ademir Pascale,


Lord A:.
officinavampyrica@yahoo.com.br

Websites & Presença Digital:

http://www.vampyrismo.org/

http://www.voxvampyrica.com

http://www.redevampyrica.com

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