quinta-feira, 5 de março de 2015

Fundamentalismo e Fanatismo não é exclusividade religiosa!

Fundamentalismo não é exclusividade de religiões. Sempre que precisarmos legislar (ou enquadrar) aquilo que pertence a esfera das artes (música, plástica, performática, sequencial, literatura e etcs) - temos a insegurança e a incapacidade dos criadores de cartilha stalinista nos rondando - bem como a sede de poder deles ávida por condenar quem não se alinha com o jogo sujo e parasitário deles. O jogo é pautado pela propagação de que seu grupo é formado por aquilo que eles não são, ou seja por tudo aquilo que repudiam e que procuram banirem para a longe deles.Tudo aquilo que não aceitam nas pessoas próximas e ao seu redor. São aquele tipo de gente que para se aproximarem de uma pessoa o fazem em geral apontando o dedo e falando mal de algo ou de alguém. Ocultam a pessoalidade, medo, insegurança, melíndre, rancor, inveja e incapacidade no discurso do dissabor que representam a única verdade sobre aquele contexto. Infelizmente submetem a arte e sua produção cultural a se tornarem o seu subgênero particular sujeito a sua volúvel interpretação e o desejo de aceitação de quem abordam naquele peculiar grupo social. 

A Arte não tem "público" categorizado de um subgênero e subcultura que se comporta e age ideologicamente e de forma dogmatizada aceita pelo que uns picaretas definem como socialmente correto para aquele setor. Quando a arte é sujeita e submissa a tal padrão, não é mais arte é só ilustração do discurso stalinista e quem se submete a isso é um "subculturado". Não há argumento ou uma fala coerente e honesta que valide na vida prática o que eles demandam como sua propriedade e sua verdade. A maior parte dos artistas e criadores em geral não apreciam terem seu trabalho subcategorizado, submisso ou subgeneralizado em um segmento exclusivo.Basta procurar suas entrevistas na internet para comprovar tal fato. 

Mas porque alguém prefere ocultar isso em prol a declaração do próprio criador de alguma arte em prol daquilo que acha ou toma como próprio?Charles Manson (famoso psicopata norte-americano) ouvia Beatles e jurava que anjos falavam com ele através daquelas músicas. Até o momento nunca ouvi uma boa resposta a respeito, apenas algo como um "porque sim" ou ainda o tal do "você não está entendendo...você não está entendendo" dito de maneira quase histérica. Alguns surtam e começam a repetir mecanicamente "que fazem isso porque se importam de verdade!"; sem mencionarmos os caras que começam a "copiar/colar" trechos fragmentados e discrepantes de todo tipo de discurso sociológico que puderem encontrar, sem efetivamente dizerem coisa alguma.Isto se chama fazer barulho ou ganhar tempo. As vezes partem para ofensa "ad hominem", calúnia, chantagem para com terceiros, roubo de propriedade intelectual alheia e outras medidas para se defenderem. Basicamente fazerem barulho e fugirem da questão, perante a própria incapacidade de reconhecerem a situação que se encontram.

Na falta de ideia própria, eclode o fanatismo expresso em didáticas de perseguição aos não-convertidos, nada mais do que indivíduos afetados fazendo barulho e gritando tão alto quanto podem para envultarem de si  a própria situação patética que se encontram. Exércitos e elites de porra nenhuma apenas ressoam o óbvio. Do que adianta apelar para o panelismo se o vocalista da banda não tem voz e sequer consegue acompanhar o tom dos instrumentos? E quanto ao produtor de evento que alega ser o mais antigo da mais fóda produtora daquilo e os eventos são em casebres caindo aos pedaços onde nem o banheiro tem porta? Fundamentalismo e fanatismo aparentemente não se restringem apenas as grandes religiões. Esta aí no cotidiano, toda vez que alguém sacrifica a própria vivência pela socialidade alheia. Neste caso cada vez que alguém berra é porque me importo, ouço um honesto é porque sim! E com fanático ou fundamentalista é melhor não discutir.

Fundamentalismo e fanatismo foram os "trending topics" desta semana. Quando deificamos algo (um comportamento, um dogma, uma subcultura, uma ideologia ou etcs) ou alguém (alguma pessoa que nos importamos afetivamente, politicamente ou religiosamente), nos colocamos a sua mercê e sua arbitrariedade. Estacionamos as idéias e percepções mais razoáveis em nome de uma coerção social. O lugar está caindo aos pedaços, mas é assim porque é o único lugar na cidade que nos acolherá. É assim porque somos humildes, humildes mesmo! A banda nem é tão boa assim musicalmente, mas é nacional e de um cara muito humilde você tem que ficar quieto e dizer que é boa! A bebida servida é batizada ou adulterada, onde já se viu alguém se queixar disso - é o que temos! Todo mundo é meu amigo, meu amigo...meu amigo!!! A falta de bom senso reinante nestes casos anestesia e posteriormente sufoca nossa vivência pessoal e intransferível com aquilo que temos de melhor na gente. Sacrificar as próprias percepções e pulsões em nome de uma força social é o fim da picada.Sem dúvida isto aí é uma forma de vampirismo densamente vulgar.

Penso que os criadores de cartilhas stalinistas basicamente vivem criando regras (que só existem perante a histeria e neurose deles) dada a sua incapacidade de viverem entre iguais e na diversidade, logo precisam arbitrar e imporem seu juízo e punição ao que contraria o que tomam como certo e a verdade que possuem - e escolhem os portadores. Seus exércitos, suas corjas, seus golpes e principalmente todo barulho que ofertam as suas ideologias e quiçá ao seu deus surdo - é a própria fuga deles para não encararem a própria incapacidade de viverem no mundo. Cercar a arte, a música e afins - dizendo quem pode e quem não pode curtir e o que é e o que deixa de ser apenas forma um eterno jogo parasitário volúvel a socialidades e parcerias mutáveis dos mesmos em busca de seus interesses.

O que leva a pergunta: Porque alguém que não se veste ou não age como você (ou que ainda goste de outras obras e produções que você odeia) - não pode curtir a mesma produção cultural que você ou ainda é um falso apreciador dela? Veja só na vida prática falamos apenas  de uma banda, de um estilo, de uma forma de se vestir, de uma pintura, de uma música, um filme, de uma série, de um livro, de um game, de um quadrinho... não há necessidade prática alguma de rotular, subcategorizar, segmentar e impor que apenas quem é igual a você pode curtir aquilo. O que há é pessoalidade, posse, apego, temor e incapacidade de entender que tal obra não foi feita por um artista exclusivmente para você.Você no máximo é dono de um arquivo que baixou em algum canto, de uma publicação, de um álbum e de algo que foi produzido em quantidade e impessoalmente. O conteúdo pode falar de maneira evocativa para você... e para outros que de alguma forma encontrem algum vínculo ou afinidade e quem sabe um gosto semelhante. Por que então você precisa delirar que é superior a outra pessoa neste caso e o verdadeiro conhecedor daquele produto? Deste lado do espelho a gente sabe que é por incapacidade, medo, rancor, recalque, melíndre, preconceito e afins...

A Arte (música, sequencial, performática e etcs) não é apenas mainstream ou underground; elas dialogam através do seu conteúdo com afetos, gostos e impressões de cada um. E todos reagem a sua maneira perante ela.  No cerne da questão - prefiro pessoas que gostam de arte e que se reúnem entre afins e outros capazes de viverem e definirem suas identidades e histórias de vida pelo que viveram e pelo que apreciam - compartilhando aquilo que gostam e mantendo a gentileza em suas relações. Dispensando e banindo para longe a necessidade de se definir por aquilo que repudia ou que não aceita nas pessoas ao seu redor ou no mundo que compartilhamos... não somos donos daquilo que nos consome e tampouco daquilo que consumimos, seja na esfera pessoal, coletiva, espiritual, artística, política, religiosa e etcs. Chega de imprimir a pessoalidade (incapcidade, medo, rancor, recalque, melíndre, preconceito e afins) disfarçada de discurso e cartilha de subgêneros, subculturas e outros termos acadêmicos vazios na vida como ela é. O mundo precisa de mais "gente" e menos "wikipedistas" e donos de alguma verdade.

segunda-feira, 2 de março de 2015

Edifício Martinelli, o amaldiçoado colosso

Um dos cenários visitados pelo SÃO PAULO MALDITA um passeio cultural que explora e desvela os segredos do centro velho de São Paulo é o Edifício Martinelli e hoje compartilhamos sua história, aqui neste espaço do autor...
Na literatura Vampiresca o célebre edíficio Martinelli no centro velho de São Paulo é habitado pelo ancião Vampiro conhecido como Dom Ignácio, lá na velha cobertura que já foi a morada do idealizador do prédio ele comanda os integrantes mortais e imortais da soturna agência conhecida como o Turno da Noite ao lado das vampiras Calíope e Isabela. Criado pelo autor bestseller André Vianco, as aventuras do grupo nas páginas da franquia homônima (publicada em três livros) já foram até adaptadas pelo próprio autor no video para uma série de tv nos canais pagos - com um episódio piloto bem legal. Este é um exemplo de quando o fantástico encontra o real, embora a história do vistoso arranha céu seja muito mais sinistra do que a mera presença deste morador ficcional.

A história original do Edíficio Martinelli começa , quando o conde italiano Guiuseppe Martinelli decide presentear a cidade com o maior edifício jamais visto, uma forma de expressar gratidão pelos negócios bem sucedidos e sua nomeação como embargador.  Assim veio a cristalizar o sonho juvenil de ser engenheiro na forma de um verdadeiro arranha-céu na prosáica São Paulo do começo do século XX. Contam que originalmente seriam 13 andares, depois aceitando desafios de moradores e muito mais o prédio ganhou a dimensão de 26 andares - e posteriormente uma casa de quase cinco andares no topo. Ávido por demonstrar a solidez e a segurança do prédio, o próprio Guiuseppe instalou uma mansão nos últimos andares como sua redidência e moradia oficial na cidade. A fortuna lhe sorriu.

O colosso que era aquele arranha-céu fascinava e amedrontava a todos, imagine a cidade tinha apenas prédios de cincon andares na maior parte das suas ruas. Dada as dimensões assumidas pelo projeto o próprio Guiusepe precisou de empréstimos e financiamentos de uma empresa italiana para a conclusão da obra. Anos depois com a chegada da segunda guerra mundial, o governo usou tal fato como desculpa para tomar todas as suas propriedades e a maior parte dos seus imóveis. Era inadmissível italianos com boas fortunas em tempos de guerra. Após a "união" reclamar para sí o edíficio, imediatamente o renomeou como edifício América. O tempo passou e o abandono e descaso do governo arremessou o prédio numa rota de decomposição e infortúnio. A ponto de ser considerado uma favela vertical e antro criminoso...

Agora o grandioso cartão postal da elite paulistana era alvo do abandono, seus espaços locados com um valor barato e servindo de moradia das classes mais baixas da cidade que sonhavam morar próximos do trabalho. Onde era o bar subterrâneo de um suntuoso hotel rapidamente se instalaram cabarés, diversos bordéis passaram a ocupar os andares superirores também o que tornavam o lugar um antro criminoso. Assassinatos brutais tornaram-se frequentes alí e os corpos eram ocultos sendo acimentados no concreto das paredes ou ainda sendo arremessados no fosso dos elevadores, junto com o lixo. Clínicas de aborto ilegais também fizeram seu espaço em alguns conjuntos comerciais. Nos anos cinquenta alguns condôminos diziam que no horário comercial ainda era possível de se trabalhar bem alí, mas depois das 19 horas os corredores e escadarias se tornavam um desfile escrachado das mais diversas formas de prostituição e comércio de entorpecentes.

Com a passagem da década de cinquenta o edifício e suas péssimas condições de higiene e de conservação - bem como a ausência de segurança - o tornaram um palco de acontecimentos e crimes deploráveis. Casos de estupro, violência gratuíta, pessoas jogadas dos andares mais altos para a morte dominavam os jornais e folhetins. Assim como o mau cheiro que exalava do prédio comparado ao odor nefasto da própria morte. Os fossos de alguns elevadores eram uma verdadeira lixeira dos andares superiores, era tanto lixo que alcançava até o sexto andar. Vários corpos e restos humanos de jovens, adultos e fetos foram encontrados alí quando muito tempo depois se iniciaram as obras de revitalização do prédio graças ao prefeito Olávo Setubal e a iniciativa privada lá nos anos setenta.



Curiosidades: 

No décimo sétimo andar do prédio naqueles tempos decadentes funcionou "A Igreja do Deus Vivo", do pastor Sinésio Cagliari, e sua esposa a missionária Elza Cagliari, uma forma de salvar as almas perdidas e desgarradas de lá;

Os arquivos do sangrento tablóide Notícias Populares coletou incontáveis casos de crime e violência ocorridos no edifício. Como o do assassino chamado de Meia-Noite que matou o jovem Davidson e jogou seu corpo no fosso do elevador; ou ainda dos cinco homens que violentaram e mataram uma criança chamada Márcia Tereza. Há ainda os relatos de uma loira que os cabelos cobrem a face que já assustou muitos nos corredores e alguns assensoristas ao longo dos anos - quem a viu diz que seu visual recorda as mulheres dos anos 30.

No final da década de noventa houveram muitos relatos de funcionários ligados a assombração e associados ao oitavo andar, na época um andar desabitado. Os andares (6,5 e 4) também atraíram relatos similares. Era a temperatura mais fria daquele andar que chamava a atenção, ruídos inexplicáveis, sons estranhos, ruídos de crianças brincando, máquinas de escrever funcionando sózinhas, portas batendo sem vento e sem ninguém por perto - segundo os funcionários da limpeza haviam também as chamadas suspeitas de elevador. Ninguem no andar e do nada o elevador disparava sózinho para ele. De acordo com os funcionários, existe uma função nos equipamentos que permite que o elevador desça e suba direto, sem atender aos chamados feitos nos andares. Mas esta opção só pode ser selecionada por botão, quando há alguém dentro... sabendo que em alguns daqueles fossos estavam depósitos de lixos e de corpos... a imaginação sombria ganha asas.

Um dos funcionários conta que certa vez estava apagando a luz do 14º e alguém gritou: ‘tem gente trabalhando’. Acendi a luz e fui procurar a pessoa para pedir desculpas. Olhei mesa por mesa no andar. Entrei no banheiro e nada. Fiquei esperando em frente ao outro banheiro que estava fechado, mas ninguém saiu. Entrei e vi que estava vazio também.



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